A propósito de um livro… Uma lição de cidadania!
Os meus olhos são uns olhos/E é com esses olhos uns/que eu vejo no mundo
escolhos/onde outros, com outros olhos,/não veem escolhos nenhuns.
António Gedeão, Poemas escolhidos, Ed. Sá da Costa
A propósito do estudo dos textos
dos media, na disciplina de
português, foi-nos apresentado, para leitura contratual, o livro Boa Educação – crónicas, de Maria Teresa
Maia Gonzalez. Aparentemente, nada trazia de especial, mas ao folhearmos as
primeiras páginas logo nos demos conta que talvez tivéssemos em mãos uma lição
de cidadania!
Tal como o título indica, o livro
surge da compilação de um conjunto de crónicas antes publicadas pela autora.
Cada título, cada referência introdutória assume-se como um convite à reflexão
sobre as nossas atitudes e os nossos comportamentos nas relações interpessoais
e em sociedade. Façamos um exercício. O que sugere ao leitor os seguintes
títulos: “não faço nada dela!”; “sem licença”; “dar lugar”; “agressões na
escola”; “quando o telemóvel toca”; “reduzir”; “à mesa”; “educar para ouvir”…
Na verdade, ficámos
impressionadas com relatos que nos mostram que os pais não são capazes de
EDUCAR e empurram essa tarefa para a escola. Quando não resulta, correm para o
psicólogo. A partir de que idade devem os filhos decidir o que fazer? A partir
dos 10 anos? Dos 15? O facto é que vemos crianças com extraordinárias
exigências com idades bem inferiores! Gritam com os pais, chantageiam,
manipulam … E os adultos vão-se deixando levar, envergonhados, cansados,
esquecidos da sua responsabilidade de serem pais! Esquecidos desse projeto de
vida que é criar e educar um filho!
Por que razão brincam as crianças
na salas dos restaurantes criando perturbação no trabalho dos funcionários e em
todos os outros clientes? Ninguém os ensina a comer, sentados, quietos, com
educação, à mesa? Ninguém as educa para o convívio em família? Por que razão
não cedem os mais novos o lugar aos mais velhos? Ninguém os ensina a respeitar
o cansaço da idade? Por que razão não chegam as pessoas a tempo aos seus
compromissos? Ninguém as ensina que não cumprir horários é sinónimo de falta de
respeito para com os outros? Por que razão é tão importante para as pessoas
sobressair com conversas nos seus telemóveis, a toda a hora, nos restaurantes,
na missa, em todo o lado? Alguém quer saber da vida delas? Enfim! Onde está o
civismo das pessoas? Alguém conhece o valor do silêncio?
Em determinado momento do livro
destaca-se uma citação de Fernando Savater: “Não te iludas: de uma coisa –
ainda que seja a melhor coisa do mundo – só podem tirar-se … coisas.”
Parece-lhe, caro leitor, que nos nossos dias, com os nossos modos de agir,
foram “coisas” o que perdemos?
No fundo, a leitura deste livro,
feita agora uma reflexão maior, revela-se inquietante! Com crónicas, textos
curtos que partem de assuntos banais do quotidiano, a autora questiona
situações vividas, que de tão repetidas, embora indecorosas, são aos nossos
olhos, presentemente “banais”. Lamentavel!
Talvez o caro leitor nos saiba responder: Onde estão as nossas virtudes? Em que consistirá tratarmo-nos como pessoas?
Ana Mendes (11ºB)
Joana Ferreira (11ºB)
Patrícia Martins (11ºC)
Texto publicado no jornal escolar "Pau de Giz" e no jornal "Notícias de Vizela".
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